terça-feira, 29 de abril de 2008

Programação

3ª Feira (29/04) – 12h: Oficina de Cartazes no Ceubinho
- 19h: Campanha contra a criminalização dos movimentos sociais, organizada pelo Movimento Passe Livre. Espaço Cultural Renato Russo, 508 Sul.

4ª Feira (30/04)
– 12h: Oficina de Cartazes no Ceubinho + Organização da Passagem em Salas

2ª Feira (05/05) – 12h: Reunião do Fórum de Mobilização Permanente, no Mezanino acima do Ceubinho. Pauta Única: Definicão de estratégias para o desenvolvimento da paridade.

3ª Feira (06/05) – 12h: Debate sobre o Reuni no Ceubinho (organizado pelo DCE).
- 18h: Oficina sobre a Paridade no Ceubinho (Visitantes de Universidades Paritárias, Estudo de aspectos jurídicos, administrativos e históricos da paridade)

4ª Feira (07/05) – 12h: Debate sobre Fundações no Ceubinho (organizado pelo DCE).

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Nova estrutura política para a universidade

Momento histórico na reitoria: estudantes reocupam as rampas
depois da decisão na Assembléia


Nova estrutura política para a universidade
Jorge Antunes
Professor titular da UnB

Prevaleceram sempre, na Universidade de Brasília, as relações de vassalagem e suserania. Nada mudou após o fim da ditadura militar. Nada mudou após as eleições diretas para reitor. Este sempre distribuiu migalhas aqui e acolá para solícitos vassalos que lhe deveriam prestar fidelidade. Durante décadas as redes de vassalagem se estenderam por vários institutos, faculdades e departamentos, sendo o reitor o suserano mais poderoso. Todos os poderes — jurídico, econômico e político — sempre estiveram concentrados no suserano principal.
A nobreza da comunidade universitária, integrada de cavaleiros, condes, doutores, duques e viscondes, se encastelava e mamava nas tetas de fundações de apoio. Mas, eis que a terceira camada da sociedade se rebela, toma a reitoria e derruba a nobreza.
Paridade. Essa é a palavra de ordem que percorre todos os cantos da Universidade de Brasília. É quase unânime a opinião de que os três segmentos — professores, alunos e funcionários — devam escolher o reitor em eleições diretas, com pesos proporcionais. Proposta velha, requentada, que, se atendida, em nada mudará a realidade triste da academia e do ensino superior público e gratuito.
Nas eleições para reitor da UnB, em 2005, foram aplicados os pesos de 70% de poder para professores e 15% para cada um dos outros dois setores: funcionários e estudantes. Após divulgação dos resultados, foram feitos cálculos para avaliar o que teria acontecido caso a votação tivesse sido paritária. Para surpresa geral, constatou-se que o resultado teria sido o mesmo: o vencedor fora bem votado nos três segmentos.
Paridade é a palavra que aponta para a solução da crise universitária brasileira, mas não no aspecto eleitoral. A hora é de paridade no governo da universidade. Ao analisar a revolução brasiliense de abril de 2008, alguns analistas rememoram o maio de 1968. Precisamos lembrar, entretanto, que os postulados programáticos do célebre maio de 1968 se espelhavam na luta iniciada em Córdoba, Argentina, em 1918, quando a reforma universitária pretendia acabar com a estrutura feudal da universidade.
Os estudantes universitários demonstram, hoje, serem a nata em que está depositada a essência da nação, tal como preconizou Gabriel del Mazo. A rebeldia transformadora dos estudantes, aliada à justa lista de reivindicações por eles apresentada, é o modelo perfeito para a revolução social almejada. Para tanto, a autogestão universitária há de ser a solução e o modelo para o país. Os ideais de Juan Lazarte são colocados na ordem do dia para o século 21: a universidade poderá ser uma grande oficina da ciência, onde estudantes, professores e técnicos administrativos se consagrarão à investigação e à criação de conhecimentos.
Só a autonomia plena, independente do Estado e da burocracia, permitirá o congraçamento efetivo da comunidade universitária, esta regendo-se a si mesma. Para tanto, faz-se necessário definir o que é comunidade universitária: os chamados terceirizados e substitutos não podem ficar fora da participação democrática.
Em maio de 1996, FHC assinou o Decreto nº 1.916 regulamentando o processo de escolha dos dirigentes das universidades. Naquele momento, o então ministro Paulo Renato festejou o fato, declarando que os professores, não os alunos e funcionários, eram os mais capacitados para escolher o reitor.
O recente renascimento do movimento estudantil dá lições de cidadania ao apático movimento docente. A luta aguerrida, organizada e responsável dos estudantes, com a ação direta legítima, mostra que eles têm maturidade para escolher os dirigentes. Nos últimos anos tem sido bem mais fácil ingressar na universidade como professor do que como aluno. A seleção de alunos é criteriosa e rigorosa. O mesmo não ocorre com a seleção de professores. Sobram vagas de professor, faltam vagas de aluno.
O desespero provocado pela falta de professores tem determinado a promoção de provas simplificadas para seleção de professores. Enquanto isso, ainda não foi inventado um vestibular simplificado.
À comunidade universitária, sem discriminações, sem privilégios, sem médias ponderadas, deverá caber a escolha dos dirigentes. O voto universal será, portanto, o meio correto e justo para as consultas à comunidade: um voto igual, com mesmo valor, para cada estudante, cada professor, cada funcionário. Uma nova estrutura política, realmente democrática e transparente, deverá ser montada. A idéia de paridade ficaria destinada a reitoria colegiada, em governo tripartite.
Fonte: Correio Brasiliense, 27/04/08 - Opinião

domingo, 27 de abril de 2008

I Manifesto: Pela Democracia

I Manifesto:
pela democracia
"O preço da liberdade é a eterna vigilância" (Thomas Jefferson)

No dia 10 de abril, recebeu-se com certo entusiasmo a notícia de que o reitor Timothy Mulholland se afastou do cargo. Era notória, dentro e fora da universidade, a elevada rejeição pela sua permanência à frente da universidade: estudantes, servidores, professores, imprensa, sociedade civil, deputados, senadores, ministros e até o presidente da república se manifestaram nesse sentido. Timothy, contudo, permanecia irredutível, tirano e insolente, como se houvesse um direito natural a ser reitor.

Sem adentrar a espessa nuvem de fatos que envolve o desgaste de Timothy Mulholland, cabe a nós uma preocupação muito maior: o fortalecimento da frágil democracia ainda em formação no nosso país. Não logra Estado de Direito um país que não pune autoridades displicentes e denega justiça aos mais fracos.

Nosso dever com a cidadania ampla desperta-nos o sentimento de vergonha. Reconhecer a imperatividade do rule of force no Brasil nos traz pesar. Mas como ignorar casos de violência que há mais de dez anos esperam por justiça? Somente o Palace II e os massacres de Carajás, Corumbiara e Carandiru, todos da década de 90, contabilizam mais de 160 vítimas fatais. Gravidade semelhante revela o relatório da OEA que pediu o fim da impunidade nos casos de assassinatos a jornalistas: dos 23 homicídios registrados no Brasil entre 1995 e 2005, apenas 9 acusados receberam algum tipo de condenação.

E a respeito do que estamos rejeitando — corrupção, patrimonialismo e descaso com a coisa pública —, o longo histórico de impunidade é ainda mais grave. Não há analogia possível entre o Brasil e as principais democracias do mundo, porque aqui a justiça muito deixa a desejar e prima por condenar um movimento legítimo, pacífico e em defesa das estruturas democráticas. Compreendemos que a mobilização do corpo discente da Universidade de Brasília é exemplar: pela reconstrução democrática e pela imediata proteção do patrimônio público.

Noam Chomsky nos alertou que o meio mais eficiente para restringir a democracia é transferir o processo decisório da arena pública para instituições que não prestam contas. Nesse sentido, entendemos a resolução 12/2007 do Conselho Diretor que subordina a auditoria da FUB ao seu presidente, o reitor, como um golpe. A falta de transparência nos preocupa e estamos convictos de que foi o esvaziamento dos espaços democráticos da universidade que levou a UnB a essa crise.

Os estudantes superaram os desafios da lógica da ação coletiva e saíram do inconformismo. Rejeitaram a má gestão das verbas na UnB e denunciaram o anacronismo dos defensores da lei do 70-15-15. O que vivemos na UnB é destacado exemplo da lei de ferro oligarquias, com requintado processo de subversão da ordem democrática. E permanece indelével o episódio de abril de 2005, quando a reitoria de Lauro Morhy usou sua segurança para impedir os Representantes Discentes de participar do Consuni que discutiria paridade, mesmo que esses tivessem apenas 15% dos votos. Observamos, também, que mais de 20 Universidades federais[1] nas suas últimas eleições superaram esse modelo obsoleto forjado pela ditadura de 1968.

Notemos que as assembléias gerais dos três segmentos decidiram pelo afastamento tanto do reitor e de seu vice, quanto do conselho diretor. Os servidores e discentes foram ainda além e decidiram pela convocação de novas eleições.

"A educação ou funciona como um instrumento que é utilizado para facilitar a integração das gerações dentro da lógica do sistema presente e para garantir a conformidade com ele, ou se torna uma 'prática de liberdade', o meio pelo qual homens e mulheres se relacionam, de forma crítica e criativa, com a realidade e descobrem como participar na transformação do seu mundo."(Paulo Freire)

Brasília, 11/04/2008, 14:00.

Danniel Gobbi e Edemilson Cruz Santana Jr.

[1] UFT, UFAL, UFBA (40:30:30), UFPB,UFPI, UFS, UFG, UFMT, UFES, UFF, UFJF, UFLA, UFOP, UFRJ, UFRRJ, UFSCar, UFSJ, UFU, UFV, UNIFEI, UNIRIO, UFSC, UFSM.

Como fazer história

Pai é beijado pela filha na Ocupação com a mensagem
ao fundo, "Resistência Estudantil"

Por Usha Velasco*

Independentemente do desfecho, os estudantes que ocupam a reitoria há dez dias já entraram para a história da UnB. Exigiram a renúncia do reitor Timothy Mulholland (veja a postagem "Saudades de Darcy", abaixo). Tiraram os professores da incompreensível inércia e do cômodo silêncio em que se encontravam; forçaram as autoridades e as instituições envolvidas a ouvir, negociar e, principalmente, agir.

Nesse poucos dias, o reitor e o decano de administração pediram afastamento. O Ministério Público denunciou oficialmente o reitor por improbidade administrativa. O vice-reitor Edgar Mamiya, também investigado por impobridade, pediu exoneração.

Parabéns, meninos. Vocês me enchem de satisfação e de orgulho. Nós, que não temos mais vinte anos (nem trinta, para falar a verdade), precisamos de vocês, da sua alegria, criatividade, coragem. Precisamos ser lembrados da importância da indignação e, principalmente, da ação. Porque sem ação a indignação é no mínimo estéril; muitas vezes, até hipócrita.

Usha é ex-aluna e mãe de aluna daUnB
http://umaoutrabrasilia.blogspot.com/

Rebeldes com causa


Por Severino Francisco

"Nem se os estudantes da UnB tivessem ensaiado um semestre inteiro eles fariam melhor. O movimento deflagrado pela garotada brasiliense contra a suposta corrupção nos altos escalões da UnB é, desde já, neste ano de 2008, a maior celebração e a crítica mais aguda ao mítico e explosivo ano de 1968. É a maior celebração porque recupera o inconformismo dos jovens com o que é inaceitável. E é a crítica mais aguda porque, com exceção de alguns momentos de destempero, recusa a pauta da violência, da onipotência e do culto às drogas, mazelas que atingiram a geração de jovens de 1968, com efeitos até os dias de hoje. "A não-violência exige mais coragem do que a violência", nos ensina Mahtama Gandhi, o grande líder da resistência pacífica.

Até a intervenção dos estudantes, o silêncio da comunidade acadêmica sobre os fatos era ensurdecedor, ecoando em Brasília e no Brasil. Mas a tradição de resistência da instituição é muito forte e, ao envolver outros setores, o movimento dos estudantes contribuiu decisivamente para restaurar a dignidade da Universidade de Brasília.

Educamos não apenas com nossas palavras, mas também com o nosso exemplo. Quando as coisas alcançam o ponto aonde chegaram é necessário berrar: basta! É preciso convocar a bateria da Aruc, os roqueiros das garagens do Plano Piloto, os rappers da Ceilândia, os navegantes da blogosfera, os punks de periferia e os de boutique. E botar o bloco na rua, com batuque, humor e alegria, que é a maneira brasileira e modernista de mudar o mundo. Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor. Não é possível que só o crime consiga ser organizado no Brasil. Precisamos (desesperadamente) da transparência, da decência e da mobilização organizadas.

Independentemente de outros desdobramentos, o movimento dos estudantes da UnB já é um marco histórico da luta contra a corrupção no Brasil. Argumenta-se que a invasão dos estudantes à reitoria fere o estado de direito. É verdade, mas a corrupção fere mais e é tratada com leniência. Se não houvesse corrupção, não haveria invasão. Existem dois pesos e duas medidas. Para quem comete atos ilícitos, todas as regalias do estado de direito. Para os que se indignam com tais descalabros, as penas da lei. O comportamento da meninada em relação ao patrimônio público tem sido exemplar. Nada a ver com baderna. Baderna é supostamente desviar dinheiro da saúde dos índios para pagar decorações suntuosas em apartamentos, banquetes, passagens para parentes, carros de luxo ou lixeiras de R$850 . Quem teve Darcy Ribeiro como reitor, não pode aceitar isto. Darcy é o grande pajé, o grande morubixaba, desse movimento. Basta de continuísmo, basta de corrupção, Darcy para presidente em 2010!

E, por falar nisso, vamos aproveitar para ouvir o que nos tem a dizer sobre os acontecimentos outro grande brasileiro, o pernambucano Paulo Freyre (1921-1997), o mais importante teórico da educação no Brasil e um dos maiores pedagogos do século 20 no mundo. Acionemos o site http://www.sobrenaturaldealmeida.com.br/, criado especialmente para realizar entrevistas mediúnicas. Fala mestre! "Eu acho que os adultos, pais e professores, deveriam compreender melhor que a rebeldia, afinal, faz parte do processo de autonomia, quer dizer, não é possível ser sem rebeldia. O grande problema está em como amorosamente dar sentido criador ao ato rebelde e de não acabar com a rebeldia. (…) O castigo não faz isso. O castigo pode criar docilidade, silêncio. Mas os silenciados não mudam o mundo".

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Reunião do Conselho Universitário de Sexta-Feira (25/04/08)

O CONSUNI - Conselho Universitário - discutirá hoje a elaboração de um calendário de atividades e debates acerca do estabelecimento da paridade nas eleições para Reitor e da convocação do Congresso Estatuinte. Outra pauta a ser discutida é a aprovação dos cursos de pós e títulos de professor emérito.

O CONSUNI é a instância máxima de deliberação da Universidade de Brasília, junto com outros dois Conselhos (CEPE e CAD). Suas decisões estão acima do próprio reitor da UnB.

Assista ao CONSUNI ao vivo via internet pelo site: http://www.cpce.unb.br/unbtv/

Reunião dos Centros Acadêmicos - 24 de Abril

Ocorreu ontem, 24/04, reunião do Conselho de Entidades de Base (CEB) - plenária do Diretório Central d@s Estudantes, na qual se reúnem os Centros Acadêmicos (CAs) dos cursos da UnB.
O objetivo desse CEB foi realizar avaliações e perspectivas sobre o movimento de ocupação da Reitoria. Dentre falas entusiasmadas, críticas e auto-críticas se protelou para o próximo CEB (na quarta-feira, 30 de abril) o encaminhamento de ações relativas à ocupação.

Os representantes dos CAs também discutiram o encaminhamento dos nomes de representantes discentes da pós-graduação para os Conselhos Superiores da UnB. Antes de indicar os nomes, os representantes decidiram conversar com as possíveis associações políticas existentes d@s estudantes de pós sobre essa representação.

É importante ressaltar que as ações de mobilização pós-ocupação têm sido discutidas e encaminhadas tanto pelo DCE (por meio de instâncias como Diretoria, CEB e Assembléia Geral), como através das reuniões do Fórum Permanente de Mobilização, programadas para todas as segundas-feiras.

Data Provável do próximo CEB:
Quarta-feira, 30 de abril,
ao 12h em frente ao DCE-UnB.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Carta "Paridade Já", de Mariza Monteiro Borges

Reocupação da reitoria- em abril de 2008 os estudantes forçam a passagem da rampa, vigiada pelos seguranças da UnB, que em 2005 foram convocados em forma arbitrária pelo ex-reitor Lauro Morhy para a reunião do CONSUNI. Esta reunião estabeleceria a manutenção das regras eleitorais, incluindo a não paridade, em uma série de irregularidades, como a dificuldade do acesso de alguns conselheiros e a votação antes do horário estabelecido. Timothy, que fora vice-reitor das duas gestões de Lauro Morhy foi então eleito reitor.


Essa discussão se deu em 2005.
Primeiro a resposta, depois a carta da diretoria da Adunb.
acho que pode nos ajudar.

abraços,

PARIDADE JÁ!


Carta aberta para Doris
Mariza Monteiro BorgesProfª Aposentada do IP/UnB, Presidente da Associação Brasileira de Ensino de Psicologia

Dóris,
Mesmo aposentada, não deixei de me preocupar e de me interessar pelo que ocorre na UnB. Não resisti aos seus cinco pontos e decidi falar sobre o que você escreveu, ou melhor, expressar a minha compreensão sobre o que você escreveu.
Antes, porém, acho que é bom deixar bem claro de onde falo. Falo como ex-aluna da UnB (graduação e pós-graduação), que militou, discretamente, no movimento estudantil. Falo como ex-professora (1979 - 2002) que não se furtou a participar da gestão acadêmica nos níveis do Instituto de Psicologia, do meu Departamento, da Câmara de Graduação, do CEPE, do CONSUNI e do CAD. Falo como associada da ADUnB e como membro da diretoria da ADUnB- Seção Sindical em 2000/2001. Falo como membro da comunidade universitária, professora aposentada. Falo como membro externo, isto é, como alguém que observa o processo eleitoral sem dele participar oficial ou oficiosamente. Pelas normas em vigor, não sou elegível, não sou eleitora e não participo de qualquer grupo ou articulação em torno de algum candidato a reitor.

Ao tocar na questão do direito de votar e ser votado, saio do Campus Universitário e lembro que a democracia no país ainda precisa ser aprimorada. Pertenço a uma geração de brasileiros e candangos que só pôde experimentar o exercício da cidadania pelo voto quando já era maior de 40 anos. Conquistar ou reconquistar aquele direito foi uma longa e dura batalha que passou pelo "Movimento das Diretas" e continua em curso nos diferentes segmentos da sociedade civil organizada, inclusive no âmago dos partidos políticos.

Considero que o bem maior pelo qual lutamos, você incluída, é a democracia. Nosso compromisso com ela deve estar acima de nossas paixões, de nossas alianças, de nossos muitos interesses. Com isso, quero dizer que o compromisso democrático não deve permitir que, ao fazermos certas análises, nos esqueçamos da própria história. Se o nosso compromisso democrático é real, não podemos nos dar ao desfrute de tentar atingir alguns objetivos fazendo conjecturas que contribuem para desqualificar e desmerecer as pessoas e desrespeitar as instâncias democráticas tão duramente conquistadas. Aliás, Dóris, você parece ter clareza disso ao desejar que as lideranças políticas rendam-se à democracia. Eu não usaria rendam-se, mas essa foi, no meu entender, a sua forma de pedir respeito ao processo democrático.

Fico imaginando como seria o presente se lá pelos idos de 1984/85 a comunidade universitária tivesse se rendidoàs leis vigentes. Não esqueçamos que realizamos um Congresso Universitário com participação (paritária) de docentes, servidores e estudantes. A comunidade assumiu a titularidade do processo de escolha do reitor e estabeleceu, através do Congresso Universitário, as regras e a condução da primeira eleição direta na UnB.

Em 1985 realizamos uma eleição paritária, em dois turnos (Regulamento de Consulta visando à elaboração de lista sextupla para escolha do reitor da Universidade de Brasília,1985*).

Naquela ocasião, vigia a Lei 5.540 de 28 de novembro de 1968, revigorada pela Lei 7.177 de dezembro de 1993, no que se refere à escolha de dirigentes de fundações de ensino superior. Será que o revigoramento teve alguma coisa a ver com o período em que vigorou o AI5?. De qualquer forma, a escolha de dirigentes de universidades era prerrogativa do chefe do poder executivo, a partir de lista sêxtupla elaborada pelo Conselho Universitário.

Mesmo assim, fizemos a eleição, elaboramos uma lista sêxtupla. Acho que todos nós lembramos muito bem da luta e de todos os percalços enfrentados pela comunidade para conseguir que nossa lista sêxtupla fosse considerada pelo CONSUNI. Não foi simples, foi uma dura batalha, não conseguimos tudo o que queríamos. Julgo, entretanto, que conseguimos algo muito maior do que escolher um reitor, colocamos em curso o processo de democratização na UnB.

Aquela foi a primeira eleição, sem ela certamente não teríamos as que se seguiram. Vejamos as regras das demais:

Em 1989, eleição paritária, turno único (Regulamento da Eleição para Reitor da Universidade de Brasília, 1989*). Desta feita, o CONSUNI foi introduzido no processo, coube àquele colegiado homologar as deliberações do Congresso Universitário. O processo democrático de escolha de dirigentes institucionaliza-se. A participação da comunidade universitária no processo de escolha do reitor era reconhecida, tinha a chancela do colegiado máximo da instituição.

Mudamos nossas práticas, as leis continuavam as mesmas desde 1968.

Em 1993, o CONSUNI estabeceu as regras do processo eleitoral (Resolução CONSUNI 004/93 de 12 de maio de 1993*), eleição paritária, dois turnos. Consolidava-se a institucionalização do processo eleitoral. E as leis? Estas continuavam as mesmas!

1997, grandes mudanças, o Colégio Eleitoral Especial (CONSUNI+CEP+CAD) regulamenta a consulta, turno único e 70, 15, 15 foram os pesos dos votos dos três segmentos. Agora, sim, entrara em vigor a Lei Paulo Renato (Lei 9.192 de 21 de dezembro de 1995*, regulamentada pelo Decreto 1.916 de 23 de maio de 1996*) e nossa prática ajustava-se a ele. Garantimos o peso de 70% para a manifestação do corpo docente. Nos demos a liberdade de fazer a votação uninominal como determinava a legislação, escolhemos chapa.

2001, turno único e 70, 15, 15 ,quase repetimos o processo anterior, com uma alteração, o CONSUNI estabeleceu as normas e a composição do Colégio Eleitoral Especial foi alterada, dentro, é óbvio, da lei.

Nossa história de obediência e submissão, Dóris, é bem recente, assim com é recente esse esquema 70/15/15 nas eleições. Não temos o direito de fazer crer que sempre foi assim ou tentar convencer a comunidade de que propor algo diferente é pura artimanha política. Não, não é só isso, temos uma história de eleições paritárias, temos princípios que sustentam esta posição, isso é escolha política. Quanto aos dois turnos, todas as vezes que ele foi previsto, teve como objetivo legitimar o processo eleitoral, veja as normas e você verá que assim foi.

Com relação aos estudantes, fiquei indignada com a sua sugestão de que estariam sendo manipulados pelos dirigentes da ADUNB ("Qualquer pessoa presente pode ver que alunos-conselheiros comandavam - sob constantes trocas de conversas com dirigentes da ADUnB"). Pensei ter entrado no túnel do tempo e estar revendo cenas de triste lembrança. O cordéis dos marionetes que outrora diziam que partiam de Pequim, Moscou e Havana, agora estão na mão do sindicato. No passado, o argumento era dos militares, hoje é usado por uma professora que eu acreditava progressista. E os estudantes? Continuam sendo desrespeitados, como se incapazes fossem. Há mais de quatro décadas a pauta do movimento estudantil tem mantido alguns pontos que continuam em aberto: autonomia universitária, ensino público e participação na estrutura de poder da universidade. Quem mesmo tem sido incapaz?

Ouso pensar que como professores universitários deveríamos ter muito cuidado com as palavras. Sabemos perfeitamente que não são neutras, que podem esconder ou repetir a história e desqualificar o coletivo e revelar nossos preconceitos. Além de tudo que já comentei, não havia uma outra palavra, com menor carga de preconceito, que pudesse ser usada em substituição ao "denegrir" que você usou?
Com o meu lamento,

Mariza Monteiro Borges
*Tenho cópia de todos os documentos assinalados com asterisco.

2008, o ano em que 1977 terminou.

A rampa de acesso ao primeiro piso da reitoria da Universidade de Brasília estava interditada. O grupo de 150 estudantes que ocupara a reitoria da UnB no dia 3 de abril permanecia no prédio, exigindo a demissão do reitor. O protesto principal dos alunos era contra desvio de finalidade na aplicação de recursos destinados a pesquisa científica para a compra de objetos de decoração de luxo e utilizados na reforma do apartamento utilizado para moradia do reitor. O bloqueio dos alunos à entrada da reitoria estava demarcado por uma placa que solicitava "apresente a carteirinha de estudante" como passaporte para ingressar nos pisos superiores da reitoria. Em respeito à advertência, parei junto à placa e perguntei às duas estudantes que ali faziam a sentinela se eu informasse apenas o número da minha matrícula de aluno da UnB do ano de 1976 valia, explicando a elas que eu não portava a minha carteirinha de estudante emitida 32 anos antes. Elas não entenderam de imediato o meu questionamento, e eu logo percebi que elas tinham mesmo lá os seus motivos.

Afinal, naquele encalorado final de tarde de sexta-feira, 11 de abril, a pergunta vinha de um inusitado grisalho engravatado, que soava estranho num ambiente de meninas recém púberes e de meninos com a barba rala e por fazer, acampados há oito dias no revestimento de borracha preta que faz as vezes de piso nos corredores da reitoria da UnB. Em meio aquele woodstock universitário eu era ali um cinquentão em terno de risca de giz. As meninas guardiãs da entrada do prédio reservada apenas aos estudantes nunca tinham me visto antes. Nem em salas de aula, assembléias ou nos atos coletivos disparados desde a ocupação da reitoria. Poderiam elas confiar o acesso ao prédio ocupado para aquele senhor que, antes de se aproximar à entrada da rampa, vagara por alguns minutos por entre as barracas em formato de iglu em que os estudantes dormiam, que caminhara ao meio dos rolos de papel craft utilizados para pintar palavras as frases de protesto, como que a contemplar o cenário de um conflito?

Não me demorei mais que dez ou quinze minutos na minha visita à reitoria ocupada pelos estudantes. Melhor dizendo, na visita anônima e solitária que realizei para conhecer mais de perto aqueles estudantes que, rompendo com a tradição macunaímica entranhada na cultura brasileira de se querer levar vantagem em tudo, e de se evitar a denúncia ou a contestação de fatos relacionados a malversações na esperança de que o silêncio conivente leve à possibilidade de também ficar com um pedaço do butim, e que surpreendentemente se apresentaram à sociedade brasileira como defensores de uma ética republicana na condução dos negócios públicos.

Sim, pode ser difícil de se compreender aqueles estudantes à primeira mirada. Não foram os professores dos departamentos de filosofia, direito, sociologia ou assemelhados os primeiros a se rebelar no campus contra as condutas que o Ministério Público apontava como não adequadas na gestão de órgãos da UnB, como também não partiram de parlamentares ou sindicalistas até então alinhados com a bandeira da educação as iniciativas de um posicionamento absoluto por uma ética radical.

Aos jovens estudantes em ocupação da reitoria o aconselhamento primeiro que viera da casta professoral, da corte parlamentar e de instâncias administrativas superiores fora de um conformismo atávico. Os argumentos preponderantes eram de que à ilegalidade não se chegara na gestão daqueles recursos públicos destinados à educação, ainda que se pudesse discordar no campo moral sobre as escolhas feitas na aplicação dos mesmos. Os doutos, as Vossas Senhorias e as Vossas Excelências afirmavam aos alunos que as questões em denúncia pelo Ministério Público não eram de ordem legal, mas sobretudo de natureza ética, e que assim deveriam ser discutidas. Pobres aprendizes, aconselhados naquela circunstância por alguns de seus ilustres mestres a se consolarem com uma possibilidade infinita de tergiversações sobre se o que não é ilegal mas se apresenta como antiético seria ou não passível de contestação.

Eles não se conformaram e fizeram com a ocupação a sua própria hora acontecer. E foi com a alegria de ouvir aquele retumbante não que os estudantes pronunciaram com o seu gesto de ocupação ao mesmo tempo pacífica e radical que percorri o pequeno trajeto entre o estacionamento e o prédio da reitoria. Quando finalmente me aproximei do prédio alguns deles estavam lavando com água e sabão o prédio da reitoria, dois ou três ao violão ensaiando acordes de Renato Russo, outros em leitura e muitos com olheiras das noites mal acomodadas.

Entrei no túnel do tempo e vi ali flashes da greve de estudantes do ano de 1977, na mesma UnB. Naquele ano, muito ao contrário da República Livre pela Ética proclamada pelos estudantes de 2008, o campus da UnB foi ocupado por centúrias, talvez um milhar de policiais que, por solicitação do reitor e com aval do Palácio do Planalto passaram a espionar, intimidar e a reprimir os estudantes em greve naquele período. Eu confesso que tive dificuldade em identificar as sensações que me vinham naquele caminhar. Trinta anos depois tudo estava muito ao contrário na Universidade de Brasília. Ao contrário de um reitor plenipotenciário protegido por seguranças e alimentado de informações sobre o movimento estudantil por toda sorte de instrumentos, inclusive de fotos tiradas por teleobjetivas postadas no alto da reitoria para identificar os alunos que se reuniam a trezentos metros dali no teatro de arena, o edifício da reitoria estava naquele instante sob controle pacífico daqueles jovens universitários.

Em 1977 eu cursava o quarto semestre de agronomia, e fazia parte do Centro Acadêmico Agro-Flô, que representava também os alunos de engenharia florestal da UnB. Recém calouro, eu apoiava as lideranças do Centro Acadêmico durante a greve ora pintando faixas, ora convocando e participando de mobilizações da greve que realizávamos em prol da anistia política, da redemocratização do país e de bandeiras difusas pela autonomia universitária, entre elas a escolha do reitor pela comunidade acadêmica. Não tínhamos denúncias concretas contra o reitor José Carlos Azevedo. O protesto era político e nacionalmente articulado. Mas, na universidade, o então reitor simbolizava o regime, e por isso caminhávamos minhocão afora com os bordões de "a greve continua, põe o capitão na rua", e outros tantos até que o campus, inicialmente ocupado por um conjunto de falsos alunos travestidos de hippies fora de moda que a tudo vigiavam e que se calavam à primeira tentativa de conversação, por fim oficialmente ocupado pela polícia. Aos soldados contrapunhamo-nos apenas cantando o Hino Nacional e o Hino da Independência com a bandeira do País à frente dos manifestantes.

Ficou na memória coletiva a imagem do King Kong, alcunha com a qual identificávamos um policial escolhido pelos estudantes para tipificar o padrão da ocupação. A memória distante faz ternos até os momentos mais difíceis pelos quais passamos, onde as polaridades se desvanecem e uma bruma de poesia toma conta.

Perdemos aquela greve, foi a minha impressão à época. O reitor puniu mais de 50 estudantes, alguns deles com a expulsão. O conselho universitário foi convocado para analisar as punições e, para desconsolo dos estudantes e de uma parte dos professores, endossou os feitos da reitoria. Um sem número de estudantes em desencanto ou em fuga da repressão desencadeada não retornou às aulas, eu entre eles. Abandonei o curso e a instituição. Mas, por estranho desígnio, guardo até hoje a minha carteirinha e sempre soube de cor o número da minha matrícula na UnB. Naqueles meus 18 anos eu não aceitava que as punições estivessem endossadas pelo que seria o órgão maior da instituição, não concordava com o progressivo retorno às aulas pela maioria dos alunos, e também não aceitava o discurso parlamentar de nossos interlocutores no Congresso Nacional que nos consolavam afirmando que os objetivos tinham sido alcançados, como se a greve tivesse sido vitoriosa. Tudo era muito intangível para mim, e argumentei que ao invés de continuar o estudo da agronomia eu deveria buscar o conhecimento do comportamento e da alma humana. Fiz vestibular no CEUB, Centro Universitário de Brasília, e me formei em psicologia. Em verdade sem nunca ter encontrado respostas para as perguntas que eu me fazia naquele segundo semestre de 1977.

Foi com este pequeno filme a me passar na cabeça que cheguei ao pé da rampa de acesso à reitoria ocupada pelos estudantes. Eu os observava ora como pai, ora como grevista de 1977. O que aqueles jovens estudantes pediam em 2008 era em muito superior às nossas reivindicações de 1977. Mesmo a simbologia do ato reivindicatório de literalmente ocupar a reitoria, sem violência ou vandalismos superava o nosso protesto peripatético de caminhadas pelo campus, de reuniões em anfiteatros ou de assembléias no teatro de arena em 1977. Sim, é preciso considerar que em 2008 os estudantes puderam contar em seu protesto com as garantias constitucionais do estado de direito que pleiteávamos em 1977. A maioria dos alunos em ocupação da reitoria em 2008 nasceu já com a democracia em consolidação, experimentaram o voto para presidente aos 16 anos, puderam participar de eleições para reitor e da discussão sobre políticas públicas de educação, e que ao lado da anistia política eram nossas bandeiras três décadas atrás. A falta de bandeiras políticas pelas quais os estudantes pudessem se bater foi apontada durante os anos de 1980 à década de 2000 como fator de desmobilização dos movimentos estudantis durantes os anos da democracia, chegando mesmo ao controle de organismos de representação lideranças simplesmente aderentes aos governos de plantão, com reivindicações que não ultrapassavam o chavão de 'mais verbas para a educação', inclusive verbas para sustentar o próprio movimento, e que assim se despersonalizava.

Porém, algo de novo, algo de diferente se passava com aqueles estudantes ali na UnB. Junto à rampa troquei as minhas poucas palavras com as duas alunas que cuidavam do controle de entrada. Meio minuto depois de eu ter perguntado se eu poderia entrar, mesmo sem a carteirinha exigida como salvo-conduto, não sei bem o porquê elas me acreditaram como ex-aluno e colega de 1977, e também como pai de uma aluna de 2008 que estivera com elas em vigília numa das noites de ocupação. Talvez me tenham lido os olhos ou a alma e percebido que a minha missão era de paz. Mesmo com o convite delas optei por não subir. A visita no piso térreo já me tocara por demais.

Uma das alunas ao pé da rampa estudava Física, e a outras Ates Cênicas. Elas não tinham outras reivindicações que não fossem a da busca da correição no exercício da função pública. Não tinham discursos decorados ou estruturas de argumentação ideologicamente padronizadas. Não eram contra e nem a favor do governo, não passava por estes caminhos previamente pavimentados o protesto delas. A razão do protesto viera da indignação dos estudantes e de suas famílias, a razão estava na busca por uma ética que elas consideravam possível e adequada, ainda que a muitos parecesse perdida ou ultrapassada. De saída, perguntei a elas o motivo de terem escolhido os cursos que faziam. Não me vejo fazendo outra coisa na vida, respondeu uma de nome Maritza. Com esta frase a me ecoar caminhei de volta ao estacionamento, meio que chorando e rindo baixinho, de orgulho daquela meninada.

No domingo, 13 de abril, a notícia de que o reitor da UnB havia renunciado ao cargo, assim como o vice-reitor o fizera no dia anterior. Eu fiz as contas e percebi que em apenas dez dias um grupo inicial de 150 alunos derrubara a reitoria de uma das mais importantes universidades brasileiras. Não quebraram um único vidro. Não viraram ou incendiaram carros. Nem mesmo palavras de ordem que pudessem contagiar multidões em passeatas eles as tinham nas faixas de papel que grudavam com fita crepe nas paredes. Eles pediam e diziam simples e radicalmente ética. E venceram. Por impensado que pareça.

De certa forma, talvez para o meu conforto na busca das respostas que desde há muito eu procuro, fiquei com a impressão de que 2008 foi o ano em que 1977 terminou.

Meninos e meninas deste feito, muito obrigado.

João Vianney.
Ex-aluno da UnB. Matrícula 76/02251

terça-feira, 22 de abril de 2008

Primeira reunião do Fórum Permanente de Mobilização

Ocorreu hoje (21/04), ao meio-dia, a primeira reunião do Fórum Permanente de Mobilização, espaço para dar continuidade à luta pela paridade e por uma UnB democrática e transparente.

A ocupação terminou, mas a luta continua. Com a destituição da gestão do Reitor Timothy Mulholand, vencemos apenas a primera etapa. Agora começa a segunda fase, talvez até mesmo a mais difícil: criar as condições para construir uma nova UnB.

O carro-chefe desta fase é conquistar a paridade, tanto nas eleições para Reitor quanto no Congresso Estatuinte. Será um trabalho de formiguinha, precisaremos que os estudantes estejam mais unidos do que nunca, e que os coletivos organizados(DCE, CAs, AMCEU e demais entidades) atuem em uníssono.

O calendário oficial das primeiras atividades do fórum estão postadas ao lado. Participe, informe-se e atue. A UnB merece a sua participação! Você merece uma nova UnB!

Indicativo de Assembléia Geral com os três Segmentos da UnB

Indicativo de Assembléia Conjunta
dos Estudantes, Professores
e Funcionários
Fiquemos atentos! :)

Ocupar a UnB rumo à Paridade!!







A gigantesca bandeira com o lema "Educação é Progresso" foi dobrada na quinta-feira 17, início da desocupação da reitoria e o início da reocupação da universidade e a sociedade.... mas antes disso nada melhor do que comemorar uma nova fase no Movimento Estudantil =)

sábado, 19 de abril de 2008

Valeu!!!!














"1968: O ano que não terminou" (livro de Zuenir Ventura). Não! "2008: O ano que está apenas começando..."

Imagens do décimo sexto e último dia de ocupação na reitoria e do primeiro dia de ocupação na UnB
Numa das imagens da coletiva com os estudantes, o novo reitor pro tempore reconhece e abraça o mais antigo funcionário da UnB

Valeu!!! E as transformações estão apenas começando !!

ps. Até semana que vem registros do cotidiano da ocupação serão postadas! E depois, continuem acessando o blogue que vai ter as informações da mobilização pela paridade e debates da universidade e ME!!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

OCUPAÇÃO DA UNB – CLIPPING 17 DE ABRIL DE 2008

Comentários gerais

- A pauta principal é a desocupação. Mas curiosamente os veículos não dão destaque ao fato da realização da assembléia hoje.
- Ela é tratada tanto na posição no desmentido do novo reitor sobre um acordo que teria sido firmado com os estudantes para retirada em até 48h.
- Também é colocada na divisão que existe entre os estudantes. É dado maior espaço para as posições pró-desocupação.
- Com isso, a pauta da paridade e do Congresso foi relegada e sequer as definições do Consuni de terça são abordadas.

Informações relevantes:

- O TCU reteve R$ 30 milhões que seriam repassados à UnB como investimentos decorrentes do acordo do Reuni.
- Os técnicos-administrativos tiraram deliberação pela paralisação da universidade no dia da próxima reunião do Consuni.

Discurso da ocupação

- Os veículos mostram um discurso dividido entre os defensores da desocupação hoje e aqueles que propõem alongar o movimento na reitoria

Assembléia dos Estudantes decide pela desocupação da reitoria


Os estudantes decidiram desocupar a Reitoria após quinze dias de movimento. Eles deixarão o prédio hoje, dia 18 de abril, às 12h. A decisão foi tomada na tarde de quinta-feira durante assembléia geral no térreo do edifício. Cerca de 500 alunos participaram da reunião. A desocupação não será imediata porque os estudantes estão passando a noite fazendo uma limpeza geral, para entregar o espaço em ordem.

O Movimento fez um calendário de atividades

18/04 (sexta-feira): Happy hour às 18h, em frente ao DCE

22/04 (terça-feira): Reunião do Fórum Permanente de Mobilização às 12h, na Reitoria.

23/04 (quarta-feira): Assembléia de professores, alunos e servidores.

De 23/04 a 29/04: Semana de intervenções e ampliação da participação dos estudantes nos colegiados da UnB para discussões da paridade nas faculdades e institutos.

28/04 (segunda-feira): Debate sobre paridade (ainda sem horário e local definidos)

29/04 (terça-feira): Debate sobre Reuni (ainda sem horário e local definidos) e paralisação com passeata em direção ao Conselho Universitário (Consuni)

30/04 (quarta-feira): Debate sobre Fundações (ainda sem horário e local definidos)

PS. A Assembleia da ADUnB aprovou a Paridade.

Dossiê Fundações

A um ano a Adusp lançou o Dossiê Fundações 2, que está disponível no sítio www.adusp.org.br (em pdf).
E antes que voc
ês perguntem: sim, existiu um Dossiê Fundações 1...

Assembléia Geral dos Estudantes Quinta-Feira, 17 de abril

ASSEMBLÉIA DOS ESTUDANTES
HOJE,

QUINTA-FEIRA, 17 DE ABRIL, AS 12hs NA REITORIA

O movimento de ocupação dos estudantes optou por adiar a decisão sobre a desocupação ou não do prédio da Reitoria. A decisão foi tomada em assembléia realizada, a partir das 12h de quarta-feira, dia 16, no térreo da Reitoria.

O tema será abordado em um novo encontro agendado para quinta, dia 17, no mesmo horário e local. Foram 124 votos favoráveis à suspensão da pauta contra 107 que queriam deliberar sobre o assunto e dez abstenções.

As reivindicações do Movimento de Ocupação trabalham em duas frentes: uma pela queda da gestão autoritária e corrupta que estava instalada, e outra pela redemocratizacao da Universidade. A primeira está sendo conquistada. A segunda, que contempla as outras 17 pautas do movimento, é encabeçada pela luta da paridade, já que só é possível se discutir democracia democraticamente. Mais detalhes na postagem abaixo.


quarta-feira, 16 de abril de 2008

Moção de Apoio do Coletivo Marxista - CA Pedagogia UFRJ

Criada e pensada para servir como um modelo, em 2008 a Universidade de Brasília protagonizou espaços midiáticos de maneira significativa. Os escândalos envolvendo a Reitoria da instituição e as fundações ditas de apoio fazem-nos perceber os malefícios da privatização e da precarização da educação oriundos das opções político-econômicas de Lula da Silva/PT e toda sua coalizão governista e oposicionista, que apenas corroboram para privilegiar os interesses de pequena parcela da sociedade.

A resistência organizada pelos estudantes na quinta-feira 3 de abril potencializa os avanços para a conquista de vitórias concretas. Às vésperas dos 40 anos de maio de 1968, é preciso identificarmos a importância de uma análise concreta da realidade ao nosso redor, onde vivenciamos um momento de reorganização das lutas após a ascensão de Lula/PT e a degeneração dos antigos instrumentos de luta como a UNE e a CUT.

Apoiamos a pauta de reivindicações dos estudantes, ratificando a importância de se discutir os rumos das Universidades Federais, sendo contrários à Reforma Universitária em curso e o REUNI, mudanças que legalizam inclusive a possibilidade da corrupção descoberta, já que o Governo Federal implementou o Decreto das Fundações.

As renúcias do Reitor e do Vice-Reitor já são reconhecidas vitórias, mas não podemos nos dar por satisfeitos nesse momento em que a comunidade acadêmica e a opinião pública se colocam favoravelmente às atividades de resistência. É possível avançar ainda mais através das lutas, onde demonstramos a possibilidade de mudar as vidas.

Todo nosso apoio à Ocupação da UnB, contra as Fundações 'de apoio' e o REUNI.


COLETIVO MARXISTA
Gabriel Marques
Professor Ed. Física CAp-UFRJ
CA de Pedagogia UFRJ - Gestão Além do que se vê
Coletivo Marxista coletivomarxista@yahoo.com.br
Movimento Quem Vem Com Tudo Não Cansa
http://movimentoquemvemcomtudonaocansa.blogspot.com
Msn: grdmarques85@hotmail.com
Cel: (21) 96552144

A paridade em 2 minutos

Cinco Perguntas Para Entender a paridade

1 - O que é paridade?

É um processo de decisão que garante aos três segmentos, no caso, estudantes, professores e funcionários o direito ao voto igualitário.

2 - Como funciona?

Cada categoria passa a deter um terço (33%) do poder de voto nas instâncias deliberativas, ao contrário da forma atual, configurada numa relação percentual de 70/15/15 - professores, estudantes e funcionários, respectivamente.

3 - E qual a importância disso?

Instituir a democracia, bem como o senso de responsabilidade, controle público e interesse dos três segmentos.

4 - Isso existe em algum lugar?

Sim! Inclusive a própria UnB já funcionou dessa maneira em diversos momentos de sua história. Atualmente cerca de 20 universidades são paritárias, entre elas UFRJ, UFF, UFSC, UFMT, UFV, UFU, UFES, UFPI e UFS. Vale ressaltar que o fim da paridade na UnB ocorreu quando entrou a gestão Lauro-Timothy.

5 - Mas não é uma ação ilegal?

Não! O próprio Ministro da Educação esclarece que acata todo processo de escolha deliberado, qualquer que seja sua natureza, garantindo assim a autonomia universitária.


Mitos sobre a paridade

Alguns dos argumentos utilizados contra a paridade são que os estudantes passam pouco tempo na Universidade em relação aos outros segmentos, e que, por estarem em um período de formação, não têm dedicação nem capacidade de discernimento suficientes para tomar decisões.

Os servidores técnico-administrativos, por sua vez, estariam ligados a tarefas meramente administrativas/burocráticas, não cabendo-lhes decidir sobre as atividades da Universidade: ensino, pesquisa e extensão. Aos docentes caberia ter esmagador peso sobre a decisão das mesmas e sobre a Universidade.

Iremos agora quebrar essa lógica excludente e pretenciosa a partir dos diferentes pontos de vista:


A paridade é boa...

Para o estudante:

Porque a Universidade forma lideranças e não cabe subestimar o potencial de decisão dos/das que aqui estudam. Argumento semelhante valeria para que jovens de 16 anos não votassem pra presidente;

Porque estudantes também são diretamente interessados no ensino, e sua opinião deve ser sempre levada em conta;

Porque o período que se passa na universidade é determinante para a consolidação de valores para a vida inteira, então a prática constante de decidir é fundamental para o desenvolvimento de valores participativos. A Universidade também é nossa e não podemos ser rebaixados.


Para os funcionários técnico-administrativos:

Porque diminui, na prática, o preconceito de classe e de subestimacção da inteligência que este segmento sofre constantemente na Universidade;

Porque funcionários conhecem profundamente o funcionamento da UnB e podem, a partir de suas vivências e reflexões, somar sua perspectiva à dos outros segmentos para contribuir com o desenvolvimento da Universidade. Vale lembrar que funcionários estão na Universidade hà tanto tempo quanto os docentes.


Para o corpo docente:

Ampliar a participação é valorizar o pensamento diverso e fortalecer a comunidade universitária. Quando se abre espaço paritário nas discussões universitárias, as diferentes posicões enriquecem o debate qualitativa e quantitativamente, devido, como dito anteriormente, às diferentes perspectivas colocadas, uma vez que, com a participacao de todos os setores, garante-se o controle social do bem público.


Você tem a oportunidade de participar deste importante momento de construção de uma nova relação na universidade. Concordando ou discordando, mas, sobretudo, discutindo.

Novo Reitor assina termo de compromisso com movimento de ocupacao


Hoje, quarta-feira, 16 de abril, às 11h no auditório da reitoria ocorreu a primeira reunião com o novo reitor. A reunião foi marcada com o intuito de abrir o diálogo com a nova administração superior.

Os estudantes apresentaram suas pautas e as recentes deliberações das Assembléias Gerais com o intuito de deixar o reitor a par das nossas reivindicações. Como resultado, o reitor se comprometeu com os seguintes pontos:
  1. Manter os acordos assumidos pela administração anterior;
  2. Seguir as deliberações do CONSUNI;
  3. Tirar um calendário de audiências públicas para debater paridade nos institutos e faculdades;
  4. Abrir as contas das fundações e da gestão anterior;
  5. Não ocorrerá nenhuma medida judicial contra qualquer ocupante, seja ele professor, servidor ou professor;
  6. Retirar a ordem de reintegração de posse e, consequentemente, a multa sobre o DCE;
  7. Não haverá nenhum processo administrativo contra os ocupantes;
  8. Realizar debates públicos sobre o REUNI;
  9. Analisar juridicamente o Conselho Diretor da FUB e pensar a sua reestruturação;
  10. Convocar eleições diretas e paritárias;
  11. Defender a paridade, ressaltando que a deliberação final cabe ao CONSUNI;
  12. Defender o Congresso Estatuinte Paritário;
  13. Distribuir os artigos de luxo do apartamento do reitor pela universidade. O que não tiver utilidade poderá ser leiloado;
  14. Rever os apartamentos da UnB e a sua rentabilidade para a Universidade;
  15. Rever a questão dos empregados terceirizados e os contratados temporários, para acabar com os casos de desrespeito às leis trabalhistas;
  16. Lutar junto ao MEC/MPOG pela realização de concursos públicos para professores e servidores;
  17. Pensar na reestruturação das Bolsas-permanência, transformando-as em bolsas de pesquisa e extensão e ver a viabilidade do aumento da quantidade e do valor, esse último com o intuito de alcançar o valor do salário mínimo;
  18. Priorizar os estágios da FUB para os estudantes da UnB e garantir a isonomia nos direitos em relação aos estagiários de fora da universidade;
  19. Manter os 20% de aumento do número de bolsas-permanência;
  20. Havendo disponibilidade de recursos, viabilizar a biblioteca do campus planaltina ainda em 2008 e o RU em 2009;
  21. Estreitar o diálogo com a AMCEU (Associação dos Moradores da Casa do Estudante), marcando uma reunião no prazo de uma semana a contar da desocupação da reitoria;
  22. Avaliar, com urgência, as pendências emergenciais da Casa do Estudante;
  23. Estudar a viabilidade da criação do projeto que ligará a Casa do Estudante à rodoviária com freqüência nos horários e do projeto que integrará os campi da UnB;
  24. Apoiar a luta pelo passe-livre estudantil e atuar junto ao Governo do Distrito Federal pela sua implementação;
  25. Ver a viabilidade de adiantar a construção dos novos prédios dos campi Ceilândia, Gama e, prioritariamente, Planaltina;
  26. Reformar a melhoria das instalações físicas dos campi da UnB, garantindo a acessibilidade;
  27. Apóia a constituição de uma comissão estudantil para negociar e dialogar com a reitoria pro tempore;
  28. Garantir que a política da SECOM (Secretaria de Comunicação Social da UnB) seja voltada para a universidade, concedendo espaço a toda comunidade acadêmica e, em especial, às demandas estudantis.

Ocupe, Reflita e Resista

Estudantes do futuro
que querem fazer da Universidade Brasileira um lugar seguro
seja você um porta bandeira
ou seja só em suas próprias idéias

Perceba, localize na história
similaridade ao que aqui acontece
Símbolos foram derrubados pela construção coletiva no cotidiano
e se o mal do qual a universidade padece hoje é quem cai
e a comunidade decide quem entra e quem sai,
é por causa da açâo direta de quem ocupa

Num lugar onde a voz do indivíduo é ouvida
e o poder é horizontal
num ponto de observação crucial
Muitos ainda aprendem a caminhar
bandeiras se calam para ouvir, sem deixar de balançar
é sua oportunidade amigo, é a sua vez irmão
de construir o universo do País
com a força da sua mão,
as loucuras da sa cabeça,
o fogo do seu coração.

Veja à sua frente a oportunidade de presentear o seu país
com uma nova Universidade
O seu futuro e o de seus filhos são palpáveis agora
Pra quem não acreditava que a hora haveria, esta é a hora
Ter paridade e flexibilidade são nossa responsabilidade

Ocupe todas as salas com o debate
Ocupe departamentos e faculdades com seus desejos
Ocupe as mentes de colegas, professores, alunos e servidores,
Venha construir, não se omita
Ocupe e reflita, ocupe e resista.

David Ramos
e-mail: mel_txt@yahoo.com.br

Opinião do Comitê UnB Livre

(fonte: unblivre.blogspot.com)

Que diferença de estilo e de pensamentos em relação ao ex-reitor!
O reitor nomeado pro tempore pelo MEC foi dialogar nesta quarta-feira com os alunos que ocupam a reitoria. O diálogo não foi acompanhado pela imprensa mas os relatos indicam uma capacidade de negociação e compreensão digna dos homens essencialmente democráticos. Sentou em uma mesa comum, não exigiu a saída dos alunos e prometeu manter uma série de reivindicações dos alunos na pauta da reestruturação da UnB, durante a protemporiedade.
Quanta diferença!
O Comitê UnB Livre manifesta as boas vindas e acredita que as ações a partir de agora serão pautadas pelo diálogo franco, ético e despreendido de ambições mesquinhas.

Moção de Apoio CAGEO-UniCEUB

Os estudantes do curso de Geografia do UniCEUB, juntamente com membros do Centro Acadêmico de Geografia (CAGEO/UniCEUB - Odette Roncador), vêm através desta nota, manifestar seu apoio ao movimento dos alunos da UnB em prol da moralização, da ética e da justiça para a construção coletiva de uma sociedade mais politizada, democrática e justa.

O aparente comodismo e a ausência de manifestações, e tão pouco reindivicações de direito, transformaram a sociedade brasileira em palco de repetidas corrupções, autoritarismo e desvios de verbas públicas em todas as instâncias do governo, fatos que propiciam a impunidade e a criminalidade.

Os alunos da rede privada, reconhecem que a universidade pública é um espaço de livre acesso ao conhecimento e à utilização de seus recursos (biblioteca, laboratórios ou projetos de extensão), os quais contribuem para inserção social e o desenvolvimento da ciência. E é por isso e, por estar de acordo com todos os itens da Pauta, nós estudantes parabenizamos o esforço e a coragem empregados nesta luta, que é de todos.

Brasília, DF - 16/04/2008.
CAGEO/UniCEUB – Odette Roncador

Assembléias de curso

Momento pós assembléia da Agronomia
êeta animação!!

Início da assembléia da Biologia, fugindo do sol escaldante

. . .

e muitas outras assembléias.... enviem-nos as suas fotos!!
ocupacaounb@gmail.com

Inúmeras assembléias e reuniões de cursos foram realizadas na UnB para discutir os rumos da universidade e apoiar a ocupação, lançando moções de apoio

Os estudantes hoje mostram a que vieram

Há alguns anos não víamos mobilizações tão intensas e politizadas no campus da universidade de Brasilia. Uma pauta que organizou muitos estudantes e trouxe grande unidade mesmo entre os que têm posições diferentes, tomou conta das paredes e dos jornais da cidade e do país, certamente merece ser olhada com atenção.

O projeto original da UnB foi abortado pelo golpe militar de 64. A universidade que deveria abrigar a diversidade de pensamento, de orientações ideológicas e assim pensar um projeto para o país foi transformada em uma simples autarquia administrada pela Marinha durante alguns anos. Uma instituição do conhecimento voltada para as questões concretas do povo, preocupada em responder aos problemas cotidianos, a serviço da nação. Essa instituição foi enterrada. Primeiro pela Ditadura Militar com sua intervenção autoritária e as seguidas invasões do campus e desde então, a UnB que Darcy sonhou, é enterrada todos os dias. Agora não mais pela ditadura do fuzil que prendia, expulsava e torturava mas pela ditadura do mercado que submete tudo a lógica do lucro, que negocia o preço e vende o saber que se pretendia de todos.

Nos últimos anos a Universidade de Brasília foi transformada em uma grife, com valor de mercado e que gera lucro para serem usados de forma privada, em jantares, reformas, presentes. As denúncias em torno da reitoria explicitam a lógica privada que tem sido mantida durante anos pela administração.

O que alguns achavam ser um clichê quando dizíamos que a universidade pública seria privatizada tornou-se realidade, a UnB foi, e continua sendo privatizada toda vez que seus recursos e patrimônio não são usados de forma pública, toda vez que estão a serviço de algum interesse privado, seja do reitor ou de outra pessoa.

A crise que tomou conta da universidade é antes de tudo uma crise da falta de democracia. A democracia é a prática da participação no espaço publico, é espaço de todos, da liberdade. Toda vez que algo que, por definição deveria ser gerido no universo público, é trazido para o privado isso deixa de ser democrático. Uma gestão, como as que temos visto, que tem suas decisões tomadas na presença poucos entre 4 paredes não é democrática e conseqüentemente não é publica.

A luta dos dias de hoje é em defesa de Unb que tem sido atacada, não pela mídia como alguns tentam dizer, mas sim pela atual administração. Defender a UnB pública significa defender a democracia na sua gestão. Durante a campanha pelas Diretas Já o slogan usado era O Brasil quer votar, muitos anos depois ainda é necessário que digamos Os estudantes querem votar. A reivindicação é por poder sim. Vamos juntos conjugar esse verbo, Eu posso.. , Tu podes ..., Nós podemos os estudantes podem participar, podem votar,PODEM decidir.

Os estudantes mais uma vez mostram a que vieram. Vieram lembrar a todos do que a UnB é feita. Lembram que é feita do livre pensamento dos que estão convictos de que apenas mentes libertas podem enfrentar a opressão. É feita também do suor dos trabalhadores que construíram e ainda constroem o dia a dia do campus. Mais do que isso, nossa universidade não seria o que é sem o sangue e a luta daqueles que acreditam na participação, que acreditam na UnB viva, sempre viva.

A UnB não pertence a esse ou ao próximo Reitor. A Unb é nossa, é de todos os estudantes. A universidade é de todos, é pública.

Viva a luta dos estudantes!
Viva e universidade de Brasilia!
Boa luta para todos nós!

Por Sarah de Roure, ex coordenadora geral do DCE Unb nas gestões 2002-2003 e 2003-2004 e ex diretora da UNE 2005-2007 .