sexta-feira, 3 de julho de 2009

NOTA SOBRE AS FUTURAS OCUPAÇÕES

Após 18 dias de ocupação do Salão de Atos do Gabinete do Reitor da UnB, do dia 8 de junho ao dia 26 do mesmo mês, decidimos (des)ocupá-lo. O movimento, horizontal e sem líderes, iniciou-se numa reunião da Associação de Moradores da Casa do Estudante Universitário (AMCEU), o objetivo primeiro foi pautar problemas específicos de assistência estudantil, tais como revisão das normas de convivência da casa d@ estudante, melhorias na segurança do campus, transporte gratuito intra e inter campi, bolsas permanências desvinculadas de trabalho, assistência médica, desjudicialização dos processos de desocupação da Ceu. Além das reivindicações pontuais, uma reavaliação da política de assistência estudantil. Levantamos bandeiras de interesses específicos, mas também gerais, e a medida que forças solidárias se somavam, maior se tornaram as causas de nosso comprometimento. Reuni, Enem, Vestibular Unificado, Fundações Privadas e aumento da democracia jamais deixaram de ser nossas preocupações, mas não podiam também tornar secundárias questões também importantes sobretudo para o avanço de consciências dos agentes em luta.

Quais foram os resultados? Obtivemos sobretudo promessas, alguns pequenos avanços, sem dúvida insatisfatórios. Entre eles a importância de conhecermos e nos conectarmos com pessoas comprometidas, para além das palavras, com a justiça social. A relevância de termos questionado e auxiliado na compreensão da imagem autoconstruída de gestão democrática que recaía sobre a atual Reitoria da UnB, a atenção conseguida aos problemas que envolvem a CEU, a possível autocrítica de tod@s @s envolvidos no processo de assistência estudantil, o processo educativo ao promover a reflexão sobre a Assistência como um direito e não como um favor, a volta do Congresso Estatuinte Paritário à pauta do CONSUNI, uma Audiência Pública com a pauta Assistência Estudantil, um Termo de Compromisso respondendo às reivindicações apresentadas por nós, a criação de uma mesa permanente de negociação para acompanhar a política de assistência estudantil e o pagamento de bolsas-alimentação para os alun@s dos campi de Planaltina, Gama e Ceilândia.

Na tentativa de sermos plurais e evitarmos uma postura sectária, falhamos ao demarcar campos específicos, tanto de atores quanto de metas a curto, médio e longo prazo. Queremos lutar junt@s, mas com quem? Muitos atores se solidarizaram com a causa, outros apesar de próximos, jamais estiveram de fato juntos. A postura mais coerente dos setores ditos progressistas seria a nosso ver a de apoiar as iniciativas, apesar de poucas, as existentes no momento, mesmo que não fossem eles os “líderes”. É um possível papel d@s que se dizem revolucionári@s aumentar os protestos populares e radicalizá-los. Já aos setores conservadores, lastimamos e continuaremos argumentando na esperança que nossas alianças contemplem liberdades que incluam a justiça social.

O Diretório Central dos Estudantes soltou uma nota dúbia manifestando apoio às reivindicações d@s morador@s da CEU. Contudo, entenderam que uma ocupação de Reitoria deve também envolver uma mobilização extensa dos grupos estudantis. Não entenderam tudo. Cabe agora à el@s, cumprirem com o compromisso de campanha, as pautas continuam vigentes e já tentaram ensinar com as palavras, resta agora ensinarem com as ações. Tal reflexão vale para tod@s @s que foram contrári@s aos nossos métodos apesar de dizerem solidári@s com a causa.

O momento da ocupação não foi na melhor data do calendário, o final do semestre e suas provas e poucas forças para mobilizar contribuiu para a pouca participação d@s estudantes, mas foi o momento necessário, foi a ação possível e realizada, não limitada pela consciência do tempo presente. Não se trata de banalizar um instrumento importante de luta, se trata de subjetividades diferentes, forjadas em contextos outros. Tivemos sete reuniões com a Reitoria, sendo uma com o reitor, duas com o vice-reitor [João Batista de Souza] e quatro com a decana [de Assuntos Comunitárias, Rachel Nunes]. Buscamos sempre o diálogo, desde a posse da nova equipe, mas recebemos sempre respostas de que estavam encaminhando as soluções, mas que de fato jamais se materializavam, os diálogos não se esgotaram, foram até abundantes em demasia para o pouco que foi feito. Imediatistas e precipitad@s foram tod@s aquel@s que criticaram nossas ações sem considerarem que nossas reivindicações se arrastam por gestões. Se analisado o processo e não a ação, a ocupação foi um meio de ação política por demais moderado. Compreendemos que existe uma dinâmica de encaminhamento na instituição, com a mediação dos colegiados, que são os órgãos deliberativos da UnB e achamos esta dinâmica profundamente distante das necessidades de nossa época e distantes mais ainda de uma gestão eficiente de qualquer instituição, ainda mais se tratando do custo do Estado brasileiro. Apoiamos e queremos construir o processo democrático e deliberativo, mas não acreditamos que esta construção se dará por meio de conselhos com 70% de participação de um único setor, os docentes, minoritários e freqüentemente conservadores pela própria “necessidade” de manterem privilégios.

Se vivemos ou não uma grande indiferença social, se o momento histórico é de refluxo ou se já estamos iniciando uma época de ascenso da luta, acreditamos na necessidade de continuar realizando um trabalho de base. Mobilizações construídas no dia-a-dia com a comunidade interna, externa e em particular o movimento secundarista. Estamos imersos em ideologias desfavoráveis, as próprias representações de mundo d@s oprimid@s são elaboradas pel@s opressor@s. Resta-nos desconstruir a alienação, a apatia, a indiferença social. Decidid@s estamos, nossa investigação, planejamento e execução já estão em curso, as avaliações serão feitas a cada momento.

Para este processo educativo contamos com tod@s os humanos, contamos inclusive com uma outra mídia, que seja também educativa e não alienadora. Os recortes e ênfases em determinadas falas, a fotografia que se escolhe, a prioridade e destaque que se dá para os temas, a omissão, revelam sempre escolhas políticas, não raras sintomáticas de uma mídia manipuladora e a serviço do capital e do poder.
Dentro de nossas condições e de nossas possibilidades fizemos o possível. Se preciso voltaremos. Despertai óh falange de escrav@s!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Comunicado

Os estudantes anunciaram na última sexta-feira em Audiência Pública da UnB sobre Assistência Estudantil que iriam desocupar a Reitoria naquele dia.

Ocorreu a desocupação e em breve o Movimento de Ocupação por Assistência Estudantil soltará a nota da desocupação, resultado das reuniões e debates que vêm ocorrendo des da desocupação na última sexta-feira dia 26.


-=-=-=-=-=-=-=-=-=-

Confira matéria da SECOM UnB que sequer entrou na página inicial do portal UnB, sendo publicada automaticamente como "Noticias Anteriores", a última demonstração anti-democrática da SECOM/Reitoria em ato explicito de não divulgar a luta dos estudantes para a comunidade acadêmica.

Alunos deixam prédio da Reitoria após 18 dias
Grupo anunciou decisão durante audiência pública realizada a pedido deles para discutirem assistência estudantil com a gestão